À ESPERA
Ainda um dia hei-de contar-te as espantosas
coisas de que me lembro quando fico à tua espera
horas e horas, cada vez mais vagarosas,
e tu não chegas, meu amor, e tu demoras
mais do que a minha paciência. Quem me dera
aquele tempo em que era sempre primavera
e assistia indiferente à passagem das horas.
Mas, quando chegas, só me ocorre esquecer tudo
e ter-te uma vez mais como quem tem o mundo.
In “Os dias do amor”
Ministério dos Livros
Torquato da Luz
(1943-2013)
POR AMOR
Só ficará de ti o que fizeste
por amor.
O resto não valeu:
foi apenas poeira que se ergueu
em teu redor
e o vento varreu.
Só ficará de ti o que escreveste
com paixão.
O resto não contou:
foi tão-só uma sombra que passou,
pura ilusão,
e nem rasto deixou.
In “Por Amor e Outros Poemas”
Papiro Editora - 2008
Torquato da Luz
(1943 – 2013)
BASTAVA
Bastava que dissesses a palavra exacta,
que tens aprisionada na garganta,
Bastava que pendurasses
na porta do teu quarto um lenço branco.
Bastava que enfeitasses o chapéu
com as flores que o fim da tarde
pões sedentas da luz dos teus cabelos.
Bastava que me olhasses uma vez ainda.
In “Ofício Diário”
Papiro Editora – 2007
Torquato da Luz
N. 1943
OUTONO
Partiram no Outono e nunca mais voltaram
nem vão voltar
os que amei e me deixaram
a dor que sempre me há-de acompanhar
até o Outono me vir também buscar.
Não me falem, portanto, do Outono
nem das folhas caídas pelo chão,
triste imagem do abandono
que à noite me rouba o sono
e agrava a solidão.
Quero ter antes, para sempre, o Verão.
In “Por Amor e Outros Poemas”
Papiro Editora – 2008
Torquato da Luz
N.1943
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