PORQUE ME SINTO VIDA
Não me apago hoje...
Antes árvore vacilante ao vento
barco em tempestades mansas
campo de girassóis
Não me apago hoje...
Hoje sou construção
castelo feito quimeras
contidas numa só mão
Não me apago hoje...
antes onda que me navegue
mar de tantas descobertas
astrolábio dos meus lábios
Entranhar-me em mim
é sulcar-me oceano inteiro
sortilégio de madrugadas claras
e pecar em anoiteceres salgados
É ser maçã serpenteando a chuva
Gota de orvalho em uva
é ser pingo de mel
derramado em pétalas
Não me apago hoje
nem amanhã nem nunca...
Sonhar –me é ter-me
num corpo suplicando chama
e acesa quero arder
em cada aurora da vida
em cada acontecer.
In "Laços de luar e outras histórias"
Editora Edita-Me
Teresa Brinco de Oliveira
(N.1961)
MUNDO
Pinto-me no enquadramento possível de ser Mulher
talvez por isso a vida seja agridoce
talvez por isso a alegria irrompa dos meus lábios em profusão
e a lágrima se derrame na face como uma onda mansa
enquanto a alma sufoca.
Talvez por isso o sabor do mel embrulhado em seiva fresca
talvez por isso o citrino com odor a jasmim.
Não sei se se conjugam estes sabores e odores
nem sei se existe verbo que me conjugue, odor que me acolha
ou sabor que me deguste.
Sei que me pinto nesse enquadramento de Mulher
bem maior que o universo com que me cubro.
In "Laços de luar e outras histórias"
Editora Edita-Me
Teresa Brinco de Oliveira
(N. 1961)
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