SE POR NÃO ME LEMBRAR DE UM CROCODILO
Se por não me lembrar de um crocodilo,
Que matar-me intentou com falso pranto,
Pudera sujeitar-me a rigor tanto,
Que habitara com os mais no egípcio Nilo.
Se por não me acordar daquele estilo,
Que foi já por meu mal infausto encanto,
Pudera padecer, causando espanto,
Quantos tormentos inventou Perilo.
Tudo passara enfim, tudo fizera
Por não me vir jamais ao pensamento
Quem fingindo chorou, matou fingido.
Mas que raro tormento não quisera,
Quem julga só pelo maior tormento,
A lembrança menor de um fementido.
In "Antologia da Poesia do Período Barroco",
Moraes Editores, 1982 – Lisboa, Portugal.
Soror Violante do Céu
1602 – 1693
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