QUANDO OS DIAS SÃO IGUAIS E TRISTES
Quando os dias são iguais e tristes
gosto de beber
para galgar a distância
que me separa do ser.
As veias levam o álcool
e o álcool embebeda-se no tanto que percorre.
Sabendo no corpo os caminhos todos
mistura-lhes o fora
dos quartos
das salas
da paisagem casa
da atmosfera inteira.
Fico tonta de universo,
e vibro e julgo
que os dias já não são iguais nem tristes.
1.I.1970
In “Obra Poética 1957-1971”
INCM - Imprensa Nacional-Casa da Moeda
Salette Tavares
(1922-1994)
SAIU COMIGO A NOITE
Saiu comigo a noite
pela estrada do destino desdobrada
saiu comigo a espera
na esquina do tempo arquitectada.
Caminhei pensamentos de miséria
no espaço dos horários
cresci na volta a forma que me dera
em ritos funerários.
Chamei a água viva do agora
num frasco sem remédio
e revi-me espectro folha da memória
à beira deste tédio.
Ai quanto peso de olhos abafado
se riu na sombra
do vinho face gesto deste fado
que a dor assombra.
Ai de quanto sórdido lugar onde se mente
em voz de mitos
pisam meus pés aqui tão castamente
os infinitos.
In "Obra Poética, 1957-1971 "
INCM - Imprensa Nacional-Casa da Moeda
Salette Tavares
(1922-1994)
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