OS ROUXINÓIS
No meu jardim, num cedro em que a frescura
e a flor da novidade vêm brotando,
pousa, por vezes, um ditoso bando
de alegres rouxinóis, entre a verdura. . .
Quando ali vou, tristíssimo, à procura
de sossego e de luz, de quando em quando,
sinto-os vir e pousar, ouço-os cantando
no doce idílio de uma paz obscura.
E, desditoso, eu lembro com saudade,
último brilho do meu peito ardente,
que assim também, num íntimo vigor,
sobre o flóreo jardim da mocidade,
cantaram na minh'alma alegremente,
como no cedro, os rouxinóis do amor!...
In "Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou"
J. G. de Araújo Jorge – Vol. II – 1ª Ed. 1966
António Fogaça
1863 – 1888
A UM ROUXINOL CANTANDO
Ramalhete animado, flor do vento,
Que alegremente teus ciúmes choras
Tu, cantando teu mal, teu mal melhoras,
Eu, chorando meu mal, meu mal aumento.
Eu digo minha dor ao sofrimento
Tu cantas teu pesar a quem namoras,
Tu esperas o bem todas [as] horas,
Eu tenho qualquer mal tudo o momento.
Ambos agora estamos padecendo
Por decreto cruel do deos mínimo;
Mas eu padeço mais só porque entendo.
Que é tão duro e cruel o meu destino
Que tu choras o mal que estás sofrendo,
Eu choro o mal que sofro e que imagino.
IN "Fénix Renascida" III
Francisco de Vasconcelos
1665 – 1723
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