A UM PRADO FLORIDO
Do que sou me vi já mui diferente,
Alegre tu virás a estar de luto:
Qual te vejo, me vi com flor, e fruto,
Qual me vês, te verás bem descontente:
Dá-te agora tributo o estio ardente,
Eu ao frio inverno dou tributo,
Assim nos fez o tempo sempre astuto,
Se triste agora a mim, a ti florente:
Não queiras fazer certo o meu receio,
Pois tens exemplo em mim: Ah quem me dera,
Que em mim escarmentaras teus enganos!
Mas lá virá o tempo horrendo, e feio,
Donde perca seu brio a primavera,
E te sirvam de dor meus desenganos.
Fénix Renascida
In “Breve Antologia Poética do Período Barroco”
Livª. Civilização Editora – Porto e Contexto Editora – Lisboa
António Barbosa Bacelar
1610 – 1663
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