OS POETAS
Nunca os vistes,
Sentados nos cafés que há na cidade,
Um livro aberto sobre a mesa e tristes,
Incógnitos, sem oiro e sem idade?
Com magros dedos, coroando a fronte,
Sugerem o nostálgico sentido
De quem rasgasse um pouco de horizonte
Proibido...
Fingem de reis da Terra e do Oceano
(E filhos são legítimos do vício!)
Tudo o que neles nos pareça humano
É fogo de artifício.
Por vezes fecham-lhes as portas
- Ódio que a nada se resume -
Voltam depois, a horas mortas,
Sem um queixume.
E mostram sempre novos laivos
De poesia em seu olhar...
Adolescentes! Afastai-vos
Quando algum deles vos fitar!
(O Rapaz da Camisola Verde – 1954)
In “Poesias Escolhidas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda – 1983
Pedro Homem de Mello
1904 – 1984
BERÇO
Mansa criança brava,
Fui das mais,
Diferente.
Então, tristes, meus pais
Sentiram, certamente,
Em mim, como um castigo!
Noite e dia eu sonhava...
E era sempre comigo!
Depois, fugindo à gente
Eu procurava as flores,
Em todas encontrando
Jeito grácil e brando
De brinquedos e amores...
As violetas sombrias
Dos bosques de Cabanas
Essas, sim! Entendias
E julgava-as humanas!...
In Livro "Estrela Morta"
Pedro Homem de Melo
1904 – 1984
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