LIBERDADE, ONDE ESTÁS?...
Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!), porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia.
Oh! Venha… Oh! Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, oh Liberdade!
In "Clássicos Portugueses – Trechos Escolhidos – Sonetos"
Liv. Clássica Editora – Lisboa – 1961
Manuel Maria de Barbosa du Bocage
1765 – 1805
Númem: Divindade, Deus
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