O SILÊNCIO DAS PEDRAS
Gosto do silêncio das pedras
Mudas, falam através de testemunhos
de estratos e fissuras, de formas e de cor,
que permitem chegar ao seu passado
de muitos milhões de anos -
aos ventos que as fustigaram,
às águas que as arrastaram,
às elevadas pressões e temperaturas
que suportaram na epopeia da sua formação.
Gosto do silêncio das pedras que, mudas,
conservam na memória
os seres vivos com quem coabitaram
dos ínfimos, aos poderosos, passando pelos humanos
que ao longo de toda a história
tantas vezes as moldaram com lágrimas e com suor.
Gosto do silêncio das pedras
tantas vezes pisadas no chão,
pedras que não choram,
ao contrário dos meus olhos que nelas se demora,.
O coração, mudo como as pedras,
não encontro outra forma de falar.
In “Entre Margens”
Editora Lua de Marfim
Regina Gouveia
N. 1945
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