O ESPELHO TRAIDOR
Enganam muitas vezes os espelhos,
Fazem dum quadro alegre um quadro triste.
Mas, direi da justiça que me assiste,
Posta a mão sobre a cruz dos Evangelhos.
Nesses teus olhos, de chorar vermelhos,
Perpassa ira, e como lança em riste,
Me fere os seios d’alma, por que viste
A tua aia assentada em meus joelhos!
Para que dessa dor não fique rastro
(Nem havia razão de tanto alarme)
Escuta o que ela disse ao teu poetastro,
Escuta-o e o riso o teu furor desarme:
“Quero, de perto, contemplar um astro…”
E pôs-se, como a viste, a contemplar-me.
In “Ecos do Passado” – 1914
Companhia Portuguesa Editora – Porto
João Penha
1838 – 1919
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