Domingo, 25 de Dezembro de 2022

Recordando... Norberto Martins

NATAL

 

Na quadra do Natal

Neste nosso Portugal

Em todo o mundo também

É só amor e carinho

Ajuda-se o pobrezinho

Não se esquece ninguém

 

Para familiares e amigos

Os novos e os antigos

Dão-se prendas e presentes

Mas esquece-se em seguida

Continua a ser esquecida

As pessoas doentes

 

É assim em toda a terra

Fazem-se tréguas na guerra

Que acabam no outro dia

Volta o ódio e a vingança

Acabou-se a esperança

Terminou a alegria

 

Ó quanta hipocrisia

E alguma cobardia

No pensamento humano

Carinho e amor no Natal

Mas depois continua o mal

O resto de todo o ano

 

Amar como Jesus amou

Sonhar como ele sonhou

Ajudar o nosso irmão

Diga-mos não à guerra

Para que tenhamos paz na terra

Sem sacrifício nem opressão

 

O Natal deveria ser

E ninguém se esquecer

Todos os dias do ano

Para sempre nos amar

Toda a gente se respeitar

Nisto não há engano

 

In “União dos Escritores e Artistas

Transmontanos e Altodurienses – UNEARTA”

Revista mensal - N.º 13 - Ano 2 - Janeiro 2003

 

Norberto Martins

(Poeta popular)

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Sábado, 25 de Dezembro de 2021

Recordando... José Régio

NATAL

 

Mais uma vez, cá vimos
Festejar o teu novo nascimento,
Nós, que, parece, nos desiludimos
Do teu advento!

Cada vez o teu Reino é menos deste mundo!
Mas vimos, com as mãos cheias dos nossos pomos,
Festejar-te, — do fundo
Da miséria que somos.

Os que à chegada
Te vimos esperar com palmas, frutos, hinos,
Somos — não uma vez, mas cada —
Teus assassinos.

À tua mesa nos sentamos:
Teu sangue e corpo é que nos mata a sede e a fome;
Mas por trinta moedas te entregamos;
E por temor, negamos o teu nome.

Sob escárnios e ultrajes,
Ao vulgo te exibimos, que te aclame;
Te rojamos nas lajes;
Te cravejamos numa cruz infane.

Depois, a mesma cruz, a erguemos,
Como um farol de salvação,
Sobre as cidades em que ferve extremos
A nossa corrupção.

Os que em leilão a arrematamos
Como sagrada peça única,
Somos os que jogamos,
Para comércio, a tua túnica.

Tais somos, os que, por costume,
Vimos, mais uma vez,
Aquecer-nos ao lume
Que do teu frio e solidão nos dês.

Como é que ainda tens a infinita paciência
De voltar, — e te esqueces
De que a nossa indigência
Recusa Tudo que lhe ofereces?

Mas, se um ano tu deixas de nascer,
Se de vez se nos cala a tua voz,
Se enfim por nós desistes de morrer,
Jesus recém-nascido!, o que será de nós?!

In “Obra Completa Poesia”

INCM - Imprensa Nacional Casa da Moeda

 

José Régio **

(1901-1969)

 

** Pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira

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Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2020

Recordando... Miguel Torga **

NATAL

 

Menino Jesus feliz

Que não cresceste

Nestes oitenta anos!

Que não tiveste

Os desenganos

Que eu tive

De ser homem,

E continuas criança

Nos meus versos

De saudade

Do presépio

Em que também nasci,

E onde me vejo sempre igual a ti.”

 

In “Diário XV”

Coimbra Editora

 

Miguel Torga **

(1907-1995)

 

** Pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha

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Quarta-feira, 25 de Dezembro de 2019

Recordando... Miguel Torga

NATAL

 

Ninguém o viu nascer.

Mas todos acreditam

Que nasceu.

É um menino e é Deus.

Na Páscoa vai morrer, já homem,

Porque entretanto cresceu

E recebeu

A missão singular

De carregar a cruz da nossa redenção.

Agora, nos cueiros da imaginação,

Sorri apenas

A quem vem,

Enquanto a Mãe,

Também

Imaginada,

Com ele ao colo,

Se enternece

E enternece

Os corações,

Cúmplice do milagre, que acontece

Todos os anos e em todas as nações.

 

In “Diários - Volumes XIII a XVI”

Publicações Dom Quixote

 

Miguel Torga **

(1907-1995)

 

** Pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha

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Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014

Recordando... Fernando Pessoa

NATAL

 

Nasce um deus. Outros morrem. A Verdade

Nem veiu nem se foi: o Erro mudou.

Temos agora uma outra Eternidade,

E era sempre melhor o que passou.

 

Cega, a Sciencia a inutil gleba lavra.

Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.

Um novo deus é só uma palavra.

Não procures nem creias: tudo é oculto.

 

In “Contemporanea”

Director – José Pacheco

Redactor Principal – Oliveira Mouta

Editor – Agostinho Fernandes

Ano I – Volume II – Nº.6 Ano 1922

Pág. 88

 

Fernando Pessoa

1888 – 1935

 

Mantém a grafia original

 

 

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Domingo, 25 de Dezembro de 2011

Recordando... David Mourão-Ferreira

NATAL, E NÃO DEZEMBRO

 

Entremos, apressados, friorentos,

Numa gruta, no bojo de um navio,

Num presépio, num prédio, num presídio,

No prédio que amanhã for demolido...

Entremos, inseguros, mas entremos.

Entremos, e depressa, em qualquer sítio,

Porque esta noite chama-se Dezembro,

Porque sofremos, porque temos frio.

 

Entremos, dois a dois: somos duzentos,

Duzentos mil, doze milhões de nada.

Procuremos o rastro de uma casa,

A cave, a gruta, o sulco de uma nave...

Entremos, despojados, mas entremos.

De mãos dadas talvez o fogo nasça,

Talvez seja Natal e não Dezembro,

Talvez universal a consoada.    

 

 

In “Cancioneiro do Natal”

(Prémio Nacional de Poesia – 1971)

Edições Rolim – 1986

 

David Mourão-Ferreira

1927 – 1996

 

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Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2008

Recordando... Poetas e o Natal... Castro Reis

 

NATAL URGENTE

 

São tantos os Natais que tenho escrito,

Mensagem de Natal p'ra toda a gente!

Que não posso conter este meu grito

De escrever mais este Natal Urgente!...

 

Sinto estalar-me o peito de amargura,

De tanta imagem triste de Natal!

Domina a violência e a loucura

Neste mundo terrível e brutal!...

 

Não há paz, só há guerra, fome e dor,

E os homens não se entendem afinal!

Campeia a morte, o medo e o terror,

Num cortejo de sangue crucial!...

 

O mundo não entende, por maldade,

Que o Natal é – Amor, Fraternidade,

Sempre e em todo o tempo, por igual!...

Que este Natal desperte bem profundo,

E deixem de existir por todo o mundo,

- Assassinos da Paz e do Natal!

 

 

 

Natal de 1992

 

In “Etéreas Sinfonias de Natal”

Edição do Autor

 

Castro Reis

1918 – 2007

 

 

 

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Sábado, 20 de Dezembro de 2008

Recordando... Poetas e o Natal... Miguel Torga

NATAL

 

Outro natal,

Outra comprida noite

De consoada

Fria,

Vazia,

Bonita só de ser imaginada.

 

Que fique dela, ao menos,

Mais um poema breve

Recitado

Pela neve

A cair, ao de leve,

No telhado.         

 

In “Antologia Poética”

 

Miguel Torga

1907 – 1995

 

 

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Terça-feira, 16 de Dezembro de 2008

Recordando... Poetas e o Natal... Reinaldo Ferreira

NATAL

 

Neste caminho cortado

Entre pureza e pecado

Que chamo vida,

Nesta vertigem de altura

Que me absorve e depura

De tanta queda caída,

É que Tu nasces ainda

Como nasceste

Do ventre da Tua mãe.

Bendita a Tua candura.

Bendita a minha também.

 

Mas se me perco e Te perco,

Quando me afogo no esterco

Do meu destino cumprido,

À hora em que Te rejeito

E sangra e dói no Teu peito

A chaga de eu ter esquecido,

É que Tu jazes por mim

Como jazeste

No colo da Tua mãe.

Bendita a Tua amargura

Bendita a minha também.

 

 

In "Livro III" – Poemas de Natal e da Paixão de Cristo

 

Reinaldo Ferreira

1922 – 1959

 

 

sinto-me: Radiante Sempre...
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Quinta-feira, 4 de Dezembro de 2008

Recordando... Poetas e o Natal... Sidónio Muralha

NATAL

 

Hoje é dia de Natal.

O jornal fala dos pobres

Em letras grandes e pretas,

Traz versos e historietas

E desenhos bonitinhos,

E traz retratos também

Dois bodos, bodos e bodos,

Em casa de gente bem.

 

Hoje é dia de Natal.

 

Mas quando será de todos?

 

 

In “Obras Completas do Poeta”

Universitária Editora

 

Sidónio Muralha

1920 – 1982  

 

 

 

 

 

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