MUITO ME TARDA
Tarda na Guarda amiga em flor:
Cinza de pedra não seria,
Mas era assim como uma dor
Que da viagem se fazia.
Como uma ovelha cujo velo
À força de anos e de ervinhas
Alvo se torna, de amarelo
Aos olhos de aves ribeirinhas,
Fronteira tive a tristeza
A tudo sonhado um dia:
A Guarda é forte, que a reveza
Com um quase nada de alegria.
Muito me tarda a morte! Houvera
De viver rei, anjo ou pastor...
Era outra a pele: mudava de era
E ovelha parda
Por amor.
Mas só na Guarda!
Tardar ao longe, só na Guarda,
A que me espera.
In “A Poesia das Beiras” – (Antologia)
Edições Caixotim
Vitorino Nemésio
1901 – 1978
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