A VOZ DO SILÊNCIO
Hoje eu vi, mas calei
Os meus olhos cegos,
Perdidos, no vazio
A olhar, desviados no chão,
Onde agora conseguem ver,
Cobardemente,
A voz que dizendo, enche
O silêncio, que calado diz não.
In “Ser Como Tu”
Esfera do Caos
Miguel Almeida
(N.1970)
VIAGEM À VOLTA DE MIM
Numa procura de quem se busca, fiz de mim mesmo uma nau
E embarquei, na viagem.
Desfraldadas aos ventos, ofereci as velas ao Norte e ao Sul
Ao Este e ao Oeste, entreguei ao não sabido o meu eu.
Embarquei, naveguei e deixei-me ir.
Vi cidades onde estive, mas não gostei
Vivi nelas, paredes meias com a dor
Em rostos, que não quis conhecer
E de quem, na verdade
Quis fugir.
Caras tristes, com marcas tristes
Visíveis, como casas sem inquilinos.
Suspensão de mim a meu ser,
Distância (in) finita,
Quis perder-me, para me achar
Quis procurar-me, para me encontrar.
Perdido, vagueei em busca de mim
Mas no fim, nau fundeada
Num cais, com velas ancoradas
Já gastas, procurei viver esta viagem.
In “Ser Como Tu”
Esfera do Caos
Miguel Almeida
(N.1970)
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