DESAVINDA
Desordenada comigo
oponho o corpo ao destino
como quem veste o vestido
e o despe em desatino
Desavinda com o sossego
ponho a nudez onde acendo
o grito do meu prazer
que ora prendo ora desvendo
In "Poesia Reunida"
Publicações Dom Quixote - 2009
Maria Teresa Horta
(N. 1937)
JOELHO
Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas
In “Só de Amor”
Quetzal Editores -1999
Maria Teresa Horta
N. 1937
ABRIGO
Abrigo-me de ti
de mim não sei
há dias em que fujo
e que me evado
há horas em que a raiva
não sequei
nem a inveja rasguei
ou a desfaço
Há dias em que nego
e outros onde nasço
há dias só de fogo
e outros tão rasgados
Aqueles onde habito com tantos
dias vagos.
In “Minha Senhora de Mim”
Editorial Futura – 1974
Maria Teresa Horta
N. 1937
EGOÍSMO
Que me importa
amor
que seja dia
ou que seja noite iluminada
Que me importa
amor
que seja a chuva
ou um novelo de paz a madrugada
Que me importa
amor
que seja o vento
ou a flor o fogo mais aceso
Que me importa
amor
que seja a raiva
Que me importa
amor
que seja o medo
In “Minha Senhora de Mim”
Editorial Futura – 1974
Maria Teresa Horta
N. 1937
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