Terça-feira, 25 de Janeiro de 2022

Recordando... Maria Almira Medina

O MENINO E A FLOR

 

Era uma vez um menino

 

Era uma vez o papão

Era uma vez milhões de homens

cobertos de maldição...

 

Medalhas de oiro

foguetes

bandeirinhas de mil cores

flores de papel aos centos

diplomas e honrarias

 

tronos penas de pavão

homenagens monumentos

discursos

desfalques

roubos

assassinatos

infâmias

ah! negreiros do meu tempo

traficantes e falsário

permitam o céu às aves

deixem crescer o menino

com uma flor no coração!

 

Era uma vez um menino

Era uma vez o papão

Era uma vez milhões de homens

cobertos de maldição...

 

A mentira anda na rua

passeia na praça pública

puxa os cabelos às moças

faz caretas

piruetas

e trejeitos

grita

cospe nas estrelas

rasga o menino

e arranca dele uma flor

 

que pisa a pés que desfaz!

Senhores polícias

não deixem

 

violar um coração

algemem a violadora

apanhem a flor do chão!

 

Era uma vez um menino

Era uma vez o papão

Era uma vez milhões de homens

cobertos de maldição...

 

In “Antologia da Poesia Feminina Portuguesa”

Organizada por António Salvado

Edições JF (Jornal do Fundão)

 

Maria Almira Medina

(1920-2016)

publicado por cateespero às 00:00
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Sexta-feira, 25 de Outubro de 2013

Recordando... Maria Almira Medina

O MENINO E A FLOR

 

Era uma vez um menino

Era uma vez o papão
Era uma vez milhões de homens
cobertos de maldição...

Medalhas de oiro
foguetes
bandeirinhas de mil cores
flores de papel aos centos
diplomas e honrarias

tronos penas de pavão
homenagens monumentos
discursos
desfalques
roubos
assassinatos
infâmias
ah! negreiros do meu tempo
traficantes e falsário
permitam o céu às aves
deixem crescer o menino
com uma flor no coração!

Era uma vez um menino
Era uma vez o papão
Era uma vez milhões de homens
cobertos de maldição...

A mentira anda na rua
passeia na praça pública
puxa os cabelos às moças
faz caretas
piruetas
e trejeitos
grita
cospe nas estrelas
rasga o menino
e arranca dele uma flor

que pisa a pés que desfaz!
Senhores polícias
não deixem

violar um coração
algemem a violadora
apanhem a flor do chão!

Era uma vez um menino
Era uma vez o papão
Era uma vez milhões de homens
cobertos de maldição...

 

In “Antologia da Poesia Feminina Portuguesa”

Edições do Jornal do Fundão

 

Maria Almira Medina

N. 1920

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Terça-feira, 21 de Dezembro de 2010

Recordando... Maria Almira Medina

QUANDO EU FOR GRANDE

 

Ó mãe,

Quando for grande.

Hei-de agarrar aquela estrela além,

A mais pequenina,

Que treme de medo por cima do Forte

De Santa Catarina;

Tadinha da estrela, ó mãe!...

Faz-lhe medo o mar,

Sempre a ralhar, sempre a ralhar...

Quando for grande,

Hei-de pedir às ondas barulhentas

Que batam devagar,

Devagarinho,

Devagarinho como a tua voz

A adormecer o teu menino...

Olha, vê,

Não chego à estrela, não.

Sou pequenino;

Quando for grande,

(Amanhã já vou grande, mãe?...),

Vou ao barquito do «Pereirão» de Buarcos,

E bato no mar

Até ele chorar...

E a estrela, sem medo,

Há-de deixar-se agarrar,

Porque eu sou grande,

Bati no mar!...

Quando fores rezar

Á capela do Forte

Hei-de ir de mansinho,

Mais de mansinho que as ondas a chorar,

E ponho a estrela pequenina

No teu cabelo...

Hás-de parecer Santa Catarina,

Inda mais linda!...

Depois fujo a buscar mais estrelinhas

Medrosas

E atiro-as às redes dos pescadores pobrinhos,

...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...

 

Tás a chorar?!...

Aquela estrela não é linda se calhar...

Deixa lá, mãezinha;

Quando for grande,

Levo-te ao céu e escolhes uma maiorzinha...

(Amanhã já sou grande, mãe?...).

 

 

In “Leituras” – (Segundo Tomo) – 1.ª Edição

 

Maria Almira Medina

N. 1920

 

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