MANHÃ
- Bom dia. Diz-me um guarda.
Eu não ouço...apenas olho
das chaves o grande molho
parindo um riso na farda.
Vómito insuportável de ironia
Bom dia, porquê bom dia?
Olhe, senhor guarda
(no fundo a minha boca rugia)
aqui é noite, ninguém mora,
deite esse bom dia lá fora
porque lá fora é que é dia!
In “Noite de Pedra”
Luís Veiga Leitão **
(1912-1987)
** Pseudónimo de Luís Maria Leitão
MANHÃ
Oh, a frescura intensa da manhã,
Batendo, lado a lado, toda a estrada!
– Inda ha pouco apanhei uma braçada
De alfazema florida, ingenua e sã...
Abre, no céu, a fulgida romã
Que em beijos de oiro se desfaz, cançada,
Oh, como eu sinto agora remoçada
A minha fé tranquilla de christã...
Nos silvados despontam as amoras.
Começa, ao longe, a vibração das nóras,
Todo o campo se alegra e se ilumina!
Passam pardaes a granizar em bando,
Um rebanho, um pastor, de quando em quando,
– E cheira a matto, a fructos, a resina...
In “Contemporanea”
Director – José Pacheco
Redactor Principal – Oliveira Mouta
Editor – Agostinho Fernandes
Ano I – Volume II – Nº.6 - Ano 1922
Pág. 93
Mantém a grafia original
Virgínia Victorino
(1895-1968)
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