SE A NINGUÉM TRATAIS COM DESAMOR
Se a ninguém tratais com desamor,
Antes a todos tendes afeição,
E se a todos mostrais um coração
Cheio de mansidão, cheio de amor;
Desde de hoje me tratai com desfavor,
Mostrai-me um ódio esquivo, uma isenção,
Poderei acabar de crer então
Que somente a mim me dais favor.
Que se tratais a todos brandamente,
Claro é que aquele é só favorecido
A quem mostrais irado o continente.
Mal poderei eu ser de vós querido
Se tendes outro amor nalgum presente,
Que amor é um, não pode ser partido.
In “Sonetos Amorosos”
Livraria Estante Editora – Abril de 1987
Luís de Camões
1524? – 1580
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