LEVA-LHE AS PALAVRAS O PENSAMENTO
Leva-lhe as palavras o pensamento, posto
nos vitrais sangrentos da catedral, quando
os lábios de Laura rezam. Na solene
fixidez do silêncio, entre as pedras erectas,
vindas do sol, as orações de Laura ateiam
o incêndio, devoram o coração
de Francesco. Dentro, em algum canto do coro,
cantam as musas. Sob o ruído atroante
das naves ao céu, na solene fixidez
do silêncio, vão as palavras fugindo,
linhas de luz e noite no novo vitral
de cores lunares, desenhado nas mãos
rígidas do poeta. O canto poderoso
repete a eterna impiedade do amor.
In “Nocturnidade”
Campo das Letras – 1999
Orlando Neves
(1935 -2005)
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