Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2015

Recordando... José Carlos Ary dos Santos

NATAL É QUANDO UM HOMEM QUISER…

 

Tu que dormes à noite na calçada do relento

Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento

Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento

És meu irmão amigo

És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme

Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume

E sofres o Natal da solidão sem um queixume

És meu irmão amigo

És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

É quando um homem quiser

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar

Tu que inventas bonecas e comboios de luar

E mentes ao teu filho por não os poderes comprar

És meu irmão amigo

És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei

Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei

Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei

És meu irmão amigo

És meu irmão

Natal é em Dezembro

Mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

É quando um homem quiser

Natal é quando nasce uma vida a amanhecer

Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher”

 

In “Obra Poética”

Edições Avante

 

José Carlos Ary dos Santos

(1937 - 1984)

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Domingo, 13 de Julho de 2014

Recordando... José Carlos Ary dos Santos

O FUTURO

 

Isto vai meus amigos isto vai

um passo atrás são sempre dois em frente

e um povo verdadeiro não se trai

não quer gente mais gente que outra gente.

 

Isto vai meus amigos isto vai

o que é preciso é ter sempre presente

que o presente é um tempo que se vai

e o futuro é o tempo resistente.

 

Depois da tempestade há a bonança

que é verde como a cor que tem a esperança

quando a água de Abril sobre nós cai.

 

O que é preciso é termos confiança

se fizermos de Maio a nossa lança

isto vai meus amigos isto vai.

 

In “Obra Poética”

Edições Avante

 

José Carlos Ary dos Santos

1937 – 1984

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Quarta-feira, 1 de Maio de 2013

Recordando... José Carlos Ary dos Santos

SONETO DO TRABALHO

 

Das prensas dos martelos das bigornas

das foices dos arados das charruas

das alfaias dos cascos e das dornas

é que nasce a canção que anda nas ruas.

 

Um povo não é livre em águas mornas

não se abre a liberdade com gazuas

à força do teu braço é que transformas

as fábricas e as terras que são tuas.

 

Abre os olhos e vê. Sê vigilante

a reacção não passará diante

do teu punho fechado contra o medo.

 

Levanta-te meu Povo. Não é tarde.

Agora é que o mar canta é que o sol arde

pois quando o povo acorda é sempre cedo.

 

"Vinte Anos de Poesia"

 

In “Obra Poética”

Edições Avante

 

José Carlos Ary dos Santos

1937 – 1984

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Quarta-feira, 29 de Dezembro de 2010

Recordando... José Carlos Ary dos Santos

O POEMA ORIGINAL

 

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho ás palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer
.

 

In “Resumo”

Sem indicação da Editora – 1972

Distribuído por Livraria Quadrante – Lisboa

 

José Carlos Ary dos Santos

1937 – 1984

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