ANOITECE EM INFERNO A MINHA CASA
Anoitece em inferno a minha casa.
Fico com este começo de verso
a serenar a exaltação de não dizer nada.
Deixem-me com este sorriso a morrer
por uma sílaba mais real onde um verso
me sossegue
com unhas de lama e sangue,
como garras.
Anoitece em inferno a minha casa.
Fica a certeza de não ter fim o que
de inutilidades se basta,
ou apenas o instante em que,
por um verso, eu fui
à outra parte da casa.
In “Os Dias Todos Assim”
Editora & etc.
Helga Moreira
(N. 1950)
NÃO QUERO QUE ME FALTES
Não quero que me faltes
na penumbra, não quero
que ao ardor se junte
qualquer senão
deito ao desvario,
cinzas, enredos,
paixões,
a solidão,
e nem creio entender
a vida
rectilínea. Só em solavancos,
entre o inverno, o outono,
e o verão.
In "Desrazões"
Quasi Edições - 2002
Helga Moreira
(N. 1950)
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