FORMOSA INÊS
Choram ainda a tua morte escura
Aqueles que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saudosos campos da ternura.
Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram;
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.
Ó Linda, sonha aí, posta em sossego
No teu moimento de alva pedra fina,
Como outrora na Fonte do Mondego.
Dorme, sombra de graça e de saudade,
Colo de Garça, amor, moça menina,
Bem-amada por toda a Eternidade!
(Ilhas de Bruma)
In “Antologia Poética de Inês de Castro”
Org. Maria Leonor Machado de Sousa
ACD Editores – Coimbra
Afonso Lopes Vieira
1878 – 1946
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