ESTRANHEZAS
O estranho e o anormal
Têm um aroma peculiar,
Sempre constantes na alternância
São um sorriso e um suspirar:
O estranho e o anormal
Têm um aroma peculiar.
Eles são flores em vasos guardadas
Que a arte humana não sabe fazer,
O estranho é forte como chicotadas
E o anormal faz-nos estremecer.
Eles são flores em vasos guardadas
Que a arte humana não sabe fazer.
Têm o ardor da paz perturbada,
Dos inquietos salões da alegria,
esta é a fragrância por eles usada
Que ora nos anima, ora nos sacia:
Têm o odor da paz perturbada,
Dos inquietos salões da alegria.
O estranho e o anormal
Têm um aroma peculiar —
O da humana carne que, na mudança
Se fez corrupta sem se queixar:
O estranho e o anormal
Têm um aroma peculiar.
1906
In “Poesia”
Edição e tradução de Luísa Freire
Assírio & Alvim – 1999
Alexander Search
Heterónimo de Fernando Pessoa (1888-1935)
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