DOS MAIS FORMOSOS OLHOS
Dos mais formosos olhos, mais formoso
Rosto, que entre nós há, do mais divino
Lume, mais branca neve, ouro mais fino,
Mais doce fala, riso mais gracioso:
Dum Angélico ar, de um amoroso
Meneio, de um espírito peregrino
Se acendeu em mim o fogo, de que indigno
Me sinto, e tanto mais assim ditoso.
Não cabe em mim tal bem-aventurança.
É pouco da alma só, pouco da vida,
Quem tivesse que dar mais a tal fogo!
Contente a alma dos olhos água lança
Pelo em si mais deter, mas é vencida
Do doce ardor, que não obedece a rogo.
In “Poemas Lusitanos” – 1598
Mandado publicar por seu filho,
Miguel Leite Ferreira
António Ferreira
1528 – 1569
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