Quarta-feira, 7 de Abril de 2021

Recordando... Vitorino Nemésio

DEFESA

 

Guarda a manhã como uma rosa,

Molha-a, que a noite vem aí.

Dorme tu nos espinhos; goza

O que é próprio de ti.

 

Não dês flores a ninguém

Que tua mão lhe corte,

E, se puderes,

Leva as mais que puderes à tua morte

Em coroa que te fique bem.

 

Não gastes o jardim puro

De que tu mesmo és terra:

A tua vida, muro,

Teu coração a encerra.

 

Rosas façam de sangue os que as desejam;

Cada um se floresça:

As tuas não se vejam

Quando a roseira cresça.

 

Abre ao lume doído

Os botõezinhos novos.

No ninho despido,

Ave, os teus ovos.

 

Ao frio e ao escuro cria

Larvas de luz compostas

Do que deita alegria

Sobre as coisas que gostas.

 

Mas rosas dadas, não:

Nem que tu fosses flores

E raiz teu destino

Engrossando no chão.

As tuas flores

São do menino

Sempre foste. Não!

 

In “O Bicho Harmonioso”

 

 

(1901-1978)

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Terça-feira, 30 de Setembro de 2014

Recordando... Sebastião da Gama

DEFESA

 

O sól é meu e dos meninos ricos...

 

- Triste de quem não vê florir as rosas!

Triste de a quem somente foram dadas

ruas sombrias, lôbregos desvãos!

 

Ah!, mas não tenho a culpa. Sou moreno

sou forte, porque o Sol me quer assim.

Digam ao Sol, se entendem, que se esconda:

não me peçam a mim que esconda as mãos,

nem que neguem meus olhos e meus lábios

o milagre de o Sol gostar de mim!

 

In "Cabo da Boa Esperança"

Edições Ática

 

Sebastião da Gama

1924 – 1952

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Segunda-feira, 30 de Setembro de 2013

Recordando... Anthero Monteiro

DEFESA

 

ah esta velha mania

de prolongar na noite o parco dia

e rebuscar na solidão maior

remédio

para o tédio

e para a dor

 

ah esta velha doença

de alinhar sinónimos de fel

ao longo do papel

e de gravar sinais de desvario

de loucura e de frio

nesta segunda pele

 

com a crença

de que a estrutura em verso

defendendo o meu íntimo vazio

suportará o peso do universo

 

In “Desesperânsia”

Corpos Editora

 

Anthero Monteiro

N. 1946

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