MULHER TRANSMONTANA
A minha Mãe
e a todas as
mulheres transmontanas
Teu berço foi Trás-os-Montes,
Tua raça não engana!…
Aonde quer que te encontres
Dás sinais de transmontana!
Trazes no sangue a correr
Rios de sol e pujança!…
E tens nos olhos a arder
A chama viva da esp’rança!
Mulher e mãe-heroína,
Sem medalhas nem louvores!…
O teu exemplo ilumina
– P’la raíz das tuas dores!…
Gerou-te o frio e o calor
Em extremos de amargura!…
A terra te exige amor
– Quer na fome ou na fartura!
Teu rosto cheio de rugas
E as tuas mãos calejadas!…
Mostram a luta, sem fugas,
Dos serões e madrugadas!…
A neve e o sol te queimaram
Em gelras de vida amarga!…
Maus tempos te fustigaram:
– Mulher-carne, mulher-fraga!
Teu berço foi Trás-os-Montes,
Tua raça não engana!…
Aonde quer que te encontres
Não negas que és transmontana!
Belver – Carrazeda de Ansiães
Agosto de 1982
In “O Grito das Fragas” – Julho 1983
Edição do Grupo de Acção Recreativa
e Cultural Semente Nova (GARC)
Castro Reis
(1918-2007)
IMAGEM DE TRÁS-OS-MONTES
Tua imagem, Trás-os-Montes,
– Painel de encanto e beleza:
É lindo altar de horizontes
Onde Deus tem sua mesa!
És formosa Região
Por muitos desconhecida!
Mas que vivem do teu pão
– Que é teu suor, sangue e vida!
Desde o Barroso ao Marão,
Vila Real a Bragança:
São terras de amargo pão
Onde não chega a mudança!
No teu espaço bendito
Há negros véus de tristeza!
Teus colossos de granito
São grito da Natureza!
Ergues a voz, como lança,
Num sonho sem dimensão!
Teu povo perdeu a esp’rança
Do sol da libertação!…
Continuas, tristemente,
Preso aos grilhões do passado!…
Tão escrava é tua gente
Que vive e morre a teu lado!…
Não tens praias nem tens mar
Como certa gente teima:
– Mas tens o sol da montanha
Que também bronzeia e queima!
Tens barragens e tens minas
Que te elevam às alturas!…
Tu, que o País iluminas
– Quase vives às escuras!…
Alto Douro e Trás-os-Montes
Pelos seus dons naturais…
São maravilhosas fontes
De riquezas nacionais!…
Trás-os-Montes, doce apego
Tem por ti meu coração!
Tu és, na paz e sossego:
– Catedral de Solidão!
Reino de Montes e serras,
De giestas e fragal!…
Tu és, com teu rol de terras:
Cabeça de Portugal!
Belver – Carrazeda de Ansiães
Agosto de 1981
In “O Grito das Fragas” – Julho 1983
Edição do Grupo de Acção Recreativa
e Cultural Semente Nova (GARC)
Castro Reis
1918 – 2007
DILEMA
Principio a escrever este poema,
Porque a escrever as horas são mais breves…
Escrevo, nesta hora, por dilema
De penas que não são para mim levas!...
Sinto que algo me prende e que me algema,
Longos são os momentos, por mais breves…
É esta a razão forte e suprema,
Porque tu, pobre poeta, agora escreves!...
Mas valerá a pena eu escrever,
Estragar tantas folhas de papel,
Se tudo, será pois, para esquecer?!...
Coragem, meu poeta, aceita a Vida,
Quer ela seja doce ou seja fel,
Vale a pena, medita, de Alma erguida!
In ”Esta Cidade Que Eu Amo”
Edição do Grupo de Acção Recreativa
e Cultural Semente Nova (GARC)
Agosto de 1985 – Porto
Castro Reis
1918 – 2007
CATEDRAL DE POESIA
Meu Porto, de António Nobre,
Garrett e Júlio Dinis.
De Louros o Céu te cobre,
– Que fosses grande Deus quis!
De Augusto Gil foste berço
E de Ramalho Ortigão.
E, entre outros de alto apreço,
Do grande Raúl Brandão!
E de tantos que te amaram
Enaltecendo o teu chão:
Não sendo filhos, provaram
Que o foram p’lo coração!
P’las tuas páginas de ouro
De rutilantes clarões:
Tu és Sagrado Tesouro
Desta Pátria de Camões.
Cidade feita de encanto,
Eu te exalto de alegria.
Ao teu nome ergo o meu canto,
– És Catedral de Poesia!
In ”Esta Cidade Que Eu Amo”
Edição do Grupo de Acção Recreativa
e Cultural Semente Nova (GARC)
Agosto de 1985 – Porto
Castro Reis
1918 – 2007
APELO DE NATAL
Irmãos, filhos de Deus, povos do Mundo,
Eu vos lanço este apelo universal:
Vamos erguer a voz, gritar bem fundo,
Dizer a todo o mundo, que é Natal!
Que é tempo de Concórdia, Paz e Amor,
De acabar com as guerras e vinganças!...
Pôr termo ao mal da droga, à fome e à dor,
À chacina de jovens e crianças!
Não podemos deixar que isto aconteça,
É urgente acabar com tudo isto!...
Pensar que a Humanidade assim padeça
É sentir, que de novo, matam Cristo!
Senhores dos milhões, vosso dinheiro,
Porque não remedeia tanto mal?!...
Fazei com ele a Paz do Mundo inteiro,
Que só assim, então, será Natal!
Natal de 1990
In “Etéreas Sinfonias do Natal”
Edição do Autor – 1997
Castro Reis
1918 – 2007
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