SAUDADES...
Saudades de amor, são penas
Que nascem do coração...
E como as penas das aves,
Quantas mais, mais brandas são!
Meu coração fez um ninho
Como o das aves perfeito,
Juntando todas as penas
De que ele me encheu o peito...
E nesse ninho, a sonhar
Dorme, assim, horas serenas,
Como dorme um passarinho
Sobre o seu ninho de penas.
In " A Saudade”
Bernardo de Passos
(1876-1930)
PARA ALÉM DO CORAÇÃO…
Quando o Amor funde as almas num olhar
que é pranto, em seu mistério -, o que se sente!
Treme o Universo em nós, divinamente!
- Numa lágrima cabe o seu luar!
Não tem fundo o abismo desse mar,
e não há céu mais alto e amanhecente!
O Passado e o Futuro -, eis o Presente
de que é feito esse instante singular!
Quem já amou com esse olhar profundo,
cujo fulgor transcende a Vida e o Mundo,
(sarça-ardente e divino amanhecer!),
- Quem já assim amou, esse, em verdade,
viveu Deus, o Infinito, a Eternidade,
- tudo o que foi, e é, e há-de ser!
In “Os dia do Amor, um poema para cada dia do ano”
Recolha, selecção e organização de Inês Ramos
Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho
Editora Ministério dos Livros
Bernardo de Passos
1876 — 1930
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