A UMA AUSÊNCIA
Vida que não acaba de acabar-se,
Chegando já de vós a despedir-se,
Ou deixa, por sentida, de sentir-se,
Ou pode de imortal acreditar-se.
Vida que já não chega a terminar-se,
Pois chega já de vós a dividir-se,
Ou procura, vivendo, consumir-se,
Ou pretende, matando, eternizar-se.
O certo é, Senhor, que não fenece,
Antes no que padece se reporta,
Por que não se limite o que padece.
Mas viver entre lágrimas, que importa
Se vida que entre ausência permanece
É só viva ao pesar, ao gosto morta?
Soror Violante do Céu
1602 – 1693
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