As Tuas Cartas
Amor, quando recebo carta tua,
Rasgando o envelope apetecido,
Tenho a impressão que te tiro o vestido
E que tu me apareces toda núa.
Antonio Ferro
As tuas cartas, são pedacinhos de ti
Que a pouco e pouco vaes metendo no correio
E que eu vou recebendo e vou guardando, aqui
Neste cofre de amor: – Meu coração já cheio…
Por elas passa o Espaço, emquanto andam na mão
Daqueles para quem de nada valem, creio.
– Papeis brancos, postais, cartas que vêm, que vão,
Nessa imensa Babel das malas do correio.
Ao receber porêm a carta ha tanto espr’ada
Sinto que és tu que vens! – Aquela carta é tua…
E a tua alma tambem lá dentro vem fechada!...
Abro a carta… sorrio… Tua alma inda fluctua…
Mas não a posso lêr… Lá dentro não traz nada!
……………………………………………………… .
Quem sabe se eras tu aquela carta núa?!
1915
In “Alma Nova” – Publicação Mensal
II Série – Dezembro de 1915 – Nº 13
Editora – Empresa de Publicidade “Ressurgimento”
Fernando Carvalho Mourão
(1894 - 1951)
Mantem a grafia original
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