45 ROTAÇÕES
Vamos! Do teu lado esquerdo
procura-me um disco pequenino,
um disco verde,
e põe-no a girar.
Não disse mais nada.
Ficámos calados.
Mas o que é certo é que os outros
tinham desaparecido,
parecia mesmo que a sala
tinha desaparecido.
Só a música, uma música nossa,
e qualquer coisa de inexplicável,
um fio de magia,
uma companhia que não estava,
mas as paredes limitavam-nos bem,
as paredes não disseram nada,
cumpriram.
Parece não haver explicação,
e todas as explicações
nada explicam.
A magia de um recolhimento
um olhar a procurar o meu.
O disco,
o disco pequenino,
amarelo azul ou verde,
parou.
O teu olhar desviou-se.
Outubro/80
In “Revista Colóquio/Letras. Poesia”
N.º 63 - Set. 1981
Pág. 61
António Pinheiro Guimarães
(1922-2000)
SIBILA
Um grito surgiu na noite da Grécia Antiga
Não era um deus que gritava, era Ela.
Límpida como a água das fontes.
Pura como a terra.
O grito da Sibila
(O grito da mãe terra? Ou o grito
das mães da terra? Ou o grito
da tua ou da minha mãe?)
O deus nunca grita, faz gritar.
In Revista “Pirâmide”
Nº 2 – Junho.1959 – Ano I
Pág. 29
António Pinheiro Guimarães
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