OS AMIGOS
Os amigos amei
Despido de ternura
Fadigada;
Uns iam, outros vinham
A nenhum perguntava
Porque partia,
Porque ficava;
Era pouco o que tinha,
Pouco o que dava,
Mas também só queria
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A sede da alegria –
Por mais amarga.
Eugénio de Andrade
1923 - 2005
OS AMIGOS
Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que sentia:
Supus que sobre a Terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!
Amigos, cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
– Que vamos nós – diziam – lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver!...
– Que cento e nove impávidos marotos.
Camilo Castelo Branco
1825 – 1890
Gentilmente enviado por minha
Amiga/Irmã Maria Albertina
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