ROSAS E CANTIGAS
Eu hei-de despedir-me desta lida,
Rosas? - Árvores! hei-de abrir-vos covas
E deixar-vos ainda quando novas?
Eu posso lá morrer, terra florida!
A palavra de adeus é a mais sentida
Deste meu coração cheio de trovas...
Só bens me dê o céu! eu tenho provas
Que não há bem que pague o desta vida.
E os cravos, manjerico, e limonete,
Oh! que perfume dão às raparigas!
Que lindos são nos seios do corpete!
Como és, nuvem dos céus, água do mar,
Flores que eu trato, rosas e cantigas,
Cá, do outro mundo, me fareis voltar.
In “Ler Por Gosto”
Areal Editores
Afonso Duarte
1884 – 1958
A OLIVEIRA
Ó linda e bela oliveira,
De velho tronco cinzento,
Quando por ti perpassa e esvoaça o vento,
As tuas folhas cantam-nos baixinho
Desta maneira,
Devagarinho:
- «Eu dou azeite brando,
Que tempera e alumia;
Eu acendo a luz do dia,
Quando a noite vem tombando.
Em casa do pobre eu sou
O gosto do seu jantar...
Coitado de quem andou
O dia inteiro a cavar!»
Afonso Lopes Vieira
1878 – 1946
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