ASCENSÃO
Crepitam beijos, delirantes, vagos,
Na doida orquestração do meu desejo...
E quando beijo os teus cabelos magos
Sinto que vejo a ânsia doutro beijo...
Agora cresce a ronda dos afagos,
Vagos e Magos -- Triunfal cortejo!...
E teus olhos-auroras são dois lagos
Onde se espelha o teu amor, sem pejo!...
Hóstia de carne, alçada nos meus braços,
Num ritual bizarro, em que os abraços
São preces ruivas de missal antigo,
Ergo-te assim numa ascensão de glória,
E o nosso amor é grito de vitória
Nos meus lábios famintos de mendigo!...
In “Alma Nova” – Publicação Mensal
III Série – Janeiro/Março de 1924 – Nº 13, 14 e 15
Editora – Emp. Coop. de Arte e Publicidade “Ressurgimento”
Adelino de Palma Carlos
1905 – 1992
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