Ó ALMA PURA ENQUANTO CÁ VIVIAS
(À morte da esposa)
Ó alma pura enquanto cá vivias,
Alma, lá onde vives, já mais pura,
Porque me desprezaste? Quem tão dura
Te tornou ao amor, que me devias?
Isto era, o que mil vezes prometias,
Em que minh’alma estava tão segura,
Que ambos juntos da hora desta escura
Noute nos subiria aos claros dias?
Como em tão triste cárcere me deixaste?
Como pude eu sem mim deixar partir-te?
Como vive este corpo sem sua alma?
Ah! que o caminho tu bem mo mostraste,
Porque correste à gloriosa palma!
Triste de quem não mereceu seguir-te!
In “Poemas Lusitanos” – 1598
Mandado publicar por seu filho, Miguel Leite Ferreira
António Ferreira
1528 – 1569
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