LEMBRANÇAS
Chorar pelos vivos que falecem
é natural – coisa lacrimal.
A carne sente a falta do costume
às tantas … tem fome.
Não choro ninguém.
Quando digo chorar é outra pressa
de chegar a tempo
da conversa atenta com um amigo
que nos quer bem.
Chorar por ninguém é chorar pelos vivos
que já morreram, sem o saber,
e vivem no seu presídio.
O resto, repito, é fisiologia
provocada, e ainda bem, pelo riso,
ou pela dor que temos de já ter nascido
e sermos chorados por alguém.
In “Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade”
Ruy Cinatti
(1915-1986)
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