CANÇÃO DO LAVRADOR
Meus versos lavro-os ao rubro
neste página de terra
que abro em lábios. Descubro-
-lhe a voz que no fundo encerra
Os versos que faço sou-os
A relha rasga-me a vida
e amarra os sonhos de voos
que eu tinha à terra ferida
Poema que mais que escrevo
devo-te em vida. No húmus
a regos simples eu levo
os meus desvairados rumos
Mas mais que poema meu
(que eu nunca soube palavra)
isto que dispo sou eu
Poeta não escrevas lavra
In "Aquele Grande Rio Eufrates”
Assírio & Alvim
Ruy Belo
(1933-1978)
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