REPETIÇÃO DO DESERTO
Atravessar o deserto em círculos incandescentes
repeti-lo até à proximidade do que se anula
é dar-lhe um rosto.
Não a pura evanescência do visível
a floração que se espera de um olhar
mas uma imagem pobre ancorada no silêncio
esse rosto volta-se no mesmo movimento
que o encerra na distância.
O que fizemos dele arrasta-se como o mar
prematuramente inclinado sobre o chão
o rosto é um feixe de memória seca
é assim que o deserto reflecte as cidades
sem a consciência aquática
das coisas intocadas.
In "Animais da Terra"
Editora Limiar
Rosa Alice Branco
(N.1950)
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