ODE À TRISTEZA
Eu canto esta alegria
(entristecida)
de tanto te lembrar
e ser saudade
E a minha voz é forte
timbrada de dias
e distâncias
com as palavras todas mastigadas
(E se tristeza tenho
que me reste
não me julgues parada
ou indecisa
Cristalizei meus olhos de chorarem
e o meu olhar é firme,
certeiro ao teu encontro)
Eu canto esta alegria
de segredar-me ao vento
e seguir viagem
em direcção de ti
leve
impensada
informe
e num fluir de aragem
ser transformada em ar
Pedaço que respiras.
E nos meus dedos mansos
-veludos que pisaram
teu corpo em movimento-
vou amarrar o tempo
as letras do teu nome
E depois morrer.
Eu canto esta alegria
de saber-te
In “Esta Coisa Quase Vida” - 1993
Editora Fora do Texto
Manuela Amaral
(1934-1995)
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