É A GUERRA, MEU AMOR
É a guerra
meu amor, é a guerra
e os homens que fazem a guerra
não sabem o que é
Natal sem lâmpadas
mesas sem flores
tardes sem mãos.
Não entendem
isso não!
A metafísica das árvores no Natal
nem essa questão
de andar de mãos dadas
todo o ano
Para eles
o símbolo da continuidade
está nos filhos
carne do seu próprio nome
Se entendessem, meu amor
não teria morrido
o soldado que nunca vi
e tem dois filhos pequenos
Se entendessem, meu amor
não haveria uma esposa
apenas com um par de mãos
Mas eles não entendem
não entendem isto
de andar de mãos dadas
todo o ano, meu amor
In “Antologia da memória poética da Guerra Colonial”
Edições Afrontamento, 2011
Ivone Chinita
(1943-1983)
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