PARASITAS
No meio duma feira, uns poucos de palhaços
Andavam a mostrar em cima dum jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento.
Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento.
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem entendimento.
E toda a gente deu esmola aos tais ciganos;
Deram esmola até mendigos quase nus.
E eu, ao ver este quadro, apóstolos romanos.
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da Cruz,
Que andais pelo universo há mil e tantos anos
Exibindo, explorando o corpo de Jesus.
In “A Velhice do Padre Eterno”
Editora Livraria Minerva – Lisboa
Guerra Junqueiro
(1850-1923)
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