DANÇA DAS PALAVRAS
Foste o mel que adoçou a vida amarga,
que a lua, tristemente, me trazia.
Foste uma taça erguida à alegria,
com o sabor secreto duma sarga.
Libertaste minha alma, duma carga
submersa de doutrina que atrofia.
Agora a noite é escassa e fugidia
e a madrugada é luz que não me larga.
Deste asas aos prazeres do desejo,
trouxeste brisas leves, onde vejo
a ilusão formar um novo abrigo.
Foste o pão e o vinho, que não tive,
e a valsa dos meus beijos, em declive,
na dança das palavras que não digo!
In “Emoções em Terra Doce” - 2004
Glória Marreiros
(N.?)
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