NOITE
Na noite negra, pérfida e calada,
Alguém passa a cantar à minha porta;
É uma voz estridente, desgarrada
Que assim se vai perdendo pela estrada
E em que há todo o pavor da noite morta.
Um arrepio dessa voz, que tem
Um medo heróico à própria solidão,
Comunica-se e vem
Fazer tremer involuntariamente,
Sobre o livro que leio, a minha mão.
Depois vai-se fundindo, em sons dispersos,
Na noite surda, pérfida e calada…
Foi do pavor de seguir só na estrada
Que nasceram também estes meus versos.
Canções de entre Céu e Terra (1940)
In “Obra Completa de Francisco Bugalho”
Organização de Luís Manuel Gaspar, João Filipe Bugalho, Maria Jorge, Luís Amaro e Diana Pimentel
Prefácio de Joana Varela
Editora LG
Francisco Bugalho
(1905-1949)
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Miguel Torg...
. Recordando... Eugénio de ...
. Recordando... Maria do Ro...
. Recordando... Sebastião d...
. Recordando... Sophia de M...
. Recordando... Vasco Graça...
. Recordando... Edmundo de ...
. Recordando... Alexandre O...
. Recordando... Afonso Duar...
. Recordando... Natália Cor...