VIRGEM DO CEU!
Virgem do Ceu! E a chuva que não pára...
O vento geme e ulula ao desafio.
Anda a morte a rondar-nos... Sinto o frio
Em que a Má-Sombra às vezes se mascara.
Olhai, lá foge... És tu que vens. Sorrio.
Teu vulto apenas – ó Piedosa e Rara! –
Eterio luminoso, aquece e aclara
O tempo agreste, glacial, sombrio.
Caem do teu olhar bênçãos de Paz.
Toda a dôr, toda a magua se desfaz,
Alva açucena casta e misteriosa...
Um extasi de amor raza as montanhas,
Quando as tuas mãos sacramentais, extranhas,
Descem, pairando sobre a terra anciosa!
In “Contemporanea”
Ano I – Volume II – Nº.6 - Ano 1922
Pág. 96
Mantém a grafia original
Américo Durão
(1894-1969)
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