A UMA AUSÊNCIA
Sinto-me sem sentir, todo abrasado
No rigoroso fogo que me alenta;
O mal, que me consome, me sustenta;
O bem, que me entretém, me dá cuidado;
Ando sem me mover, falo calado;
O que mais perto vejo se me ausenta
E o que estou sem ver mais me atormenta;
Alegro-me de ver-me atormentado;
Choro no mesmo ponto em que me rio;
No mor risco me anima a confiança;
Do que menos se espera estou mais certo;
Mas se, de confiado, desconfio,
É porque, entre os receios da mudança,
Ando perdido em mim como em deserto.
Fénix Renascida
In “Breve Antologia Poética do Período Barroco”
Colecção Brevíssima
Liv. Civilização Editora e Contexto Editora
António Barbosa Bacelar
(1610-1663)
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Carlos Ramo...
. Recordando... António Pin...
. Recordando... Sidónio Mur...
. Recordando... Margarida V...
. Recordando... Maria Velho...
. Recordando... Maria Irene...
. Recordando... João Rios *...