CANÇÃO PARA FANNY
Vimos da onda, da costa
Em som arrebatador,
E da aragem que recosta
Numa nuvem seu langor;
Vimos do rio que murmura,
Da folhagem que sussurra,
Nós vimos alegremente.
Como os pingos do orvalho,
Brilhantes e numerosos
Nós descemos até Fanny
Como os dias luminosos;
Do alto cume do monte
E do cintilar da fonte,
Nós vimos alegremente.
Vimos do vale, da colina,
Da montanha, do valado;
Da tristeza da tardinha
Com tanto conto contado;
Do prado em sua doçura,
Da sombra em sua frescura,
Nós vimos alegremente.
Habitámos no salgueiro
E no ninho que acoberta,
Mas fizemos travesseiro
Do coração do poeta;
E de tudo o que repassa
As almas de amor e graça,
Nós vimos alegremente.
In “Poesia”
Edição e tradução de Luísa Freire
Assírio & Alvim – 1999
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