UM NINHO
"Sabeis o que é um ninho, esse pequeno lar
Onde a ventura mora em noites de luar,
Onde a brisa suspira e canta a cotovia
Desde o romper da aurora ao declinar do dia?
Sabeis o que é um ninho em dias estivais,
Perdido no rumor dos bastos salgueirais,
À borda dum riacho alegre, saltitante,
Que vai de pedra em pedra até morrer, distante?
Sabeis o que é um ninho inundado de sol,
Onde desperta o melro e dorme o rouxinol?
Não, não sabeis! Pois bem. Juntai toda a ventura
Do vosso lar ditoso: os beijos, a ternura
D' uma extremosa mãe, os cuidados d'um pai,
Os risos d' uma irmã que tanto vos distrai,
Um doce olhar de avó, vaidosa no carinho,
E ficareis sabendo o que se chama um ninho."
In “Folhas em Branco” 1914
Imprensa Libanio da Silva
Afonso Simões
(1866-1947)
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