ORAÇÃO
Sol, meu tesouro e luz dos meus sentidos,
O Sol da minha terra.
Sol a que meu espectro à flor dos campos erra,
E os cavadores cantam sucumbidos,
Terrosos como corpo em sepultura.
Seu destino fatal de imperfeição e agrura!
Ó elegias do Sol caindo no horizonte!
Rostos cristãos, os cavadores,
Rompe do saibro a sua fronte,
Rios são água de suores.
Sol, esposo da Terra, e Sol, meu pai dos Céus,
A ti respeito, adoração!
Hoje sacra harmonia, antes Apolo pagão.
Homens dos homens somos réus.
In “Rapsódia do Sol-Nado e Ritual do Amor”
Renascença Portuguesa
Afonso Duarte
(1884-1958)
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