MIRAGAIA
Aqui, onde esta noite nunca cessa,
Foi Miragaia a minha Madragoa.
Aqui, em frente ao rio, oiço a promessa
Do mar que ajoelha, enquanto me atordoa.
Aqui, sei onde sangra o lábio oculto.
De quem me vê, até de olhos fechados!
E, como os cegos, reconheço um vulto,
Pelo roçar dos dedos namorados...
Deviam chamar Pedro, em vez de Porto,
Ao burgo, se é tal qual do meu tamanho!
Aqui
Nasci,
Porém nasci já morto,
Imóvel, surdo, triste, mudo, estranho...
Deu-me Deus ele, apenas, por amigo.
Deitamo-nos, cismando, lado a lado...
Seu corpo, rijo e nu, dorme comigo.
Mas fico, entre os seus braços, acordado!
In “Poesias Escolhidas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda
Pedro Homem de Mello
1904 – 1984
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