SONETO DO CATIVO
Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;
o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;
se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encantamento e de desprezo;
não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!
David Mourão Ferreira
1927 – 1996
In "Os Quatro Cantos do Tempo"
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Fernando Ec...
. Recordando... Eugénio de ...
. Recordando... Fernanda de...
. Recordando... Cristovam P...
. Recordando... António Fel...
. Recordando... Camilo Pess...
. Recordando... António Fra...
. Recordando... António Bot...
. Recordando... Fernando Pe...