ASSIM
Assim por muito mais e muito menos
Assim por heroísmo e cobardia.
Assim a tarde a noite no momento,
Assim pensar em mim quando vivias.
Assim os dedos longos nos cabelos
Dos mortos abraçados e cativos.
Assim esta miséria de estar viva
E não saber estar viva quando vivo.
Assim nas brancas árvores o tempo
Assim ter acabado o meu destino
E ler-me noutros versos, noutros nomes,
Assim desconhecer aonde habito.
Assim por muito mais e muito menos
Se acaba, em vida, a vida ao suicida.
Assim por ser a hora mais cinzenta,
O desamparo assim da minha vida.
(Os Intrusos – 1971)
In "Antologia Poética"
Assírio & Alvim
Natércia Freire
1919 – 2004
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