ORGULHO
És orgulhoso altivo. Também eu.
Nem sei bem qual de nós o será mais,
as nossas forças são rivais:
se é grande o teu poder, maior é o meu.
Tão alto anda este orgulho! Toca o céu.
Nem eu quebro nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos. Como tais
nenhum de nós ainda se rendeu.
Ontem, quando nos vimos frente a frente,
fingiste bem esse ar indiferente...
e eu, desdenhosa, ri, sem descorar...
Mas que lágrimas devo aquele riso!
E quanto, quanto esforço foi preciso
para, na tua frente, não chorar!
In “Namorados”
Portugália Editora – 1924
Virgínia Victorino
1895 – 1967
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